quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ressaca da democracia

E lá fui eu nesse segundo turno, rumo ao reduto serrista que é o
colégio dante alighieri.
Saí de casa todo provocativo, camisa vermelha e adesivo do haddad.
Minha esposa também vermelha me acompanhava na provocação.

Nem ligava aos muxoxos dos circundantes.

Os mesários, jovens, num solidarismo resignado, me informaram da
lavada que foi o primeiro turno: 180 votos pro serra, uns 30 pro
haddad e 20 e poucos pro russo.
Isso só me atiçou: meu voto era um ato heróico de consciência.
Saio da cabine ainda mais imponente, não desvio olhar de nenhuma cara
feia (havia também quem me olhasse com piedade e comiseração, pra
esses sorria ainda mais escarnecido).

Na porta do colégio vem a repórter do valor econômico nos pedir
entrevista, alegando o fato de sermos minoria naquele local.
Era o  que pra eu me sentir o último dos resistentes: falo que falta
integração à cidade,minha mulher  explica como o bairro esquece de
olhar pra questões da cidade, a jornalista agradece e todos nos
despedimos satisfeitos com os deveres cumpridos.
Desço a ladeira em direção à minha casa de peito aberto e estufado, o
próprio che guevara dos jardins!

Nisso, de bicicleta, 3 manos passam em sentido contrário. Eu os olho,
identificado com eles. E o o último me solta um sorriso maroto
enquanto grita aos outros dois:
 “Ó lá! O mauricinho votou no Haddad!”

Duas frases certeiras bastaram pra que fizesse o resto do caminho arrastando os pés...

tirando a poeira desse cantinho do ciberespaço

mais uma vez, depois de um looongo mas nada tenebroso inverno de nossa desesperança...
reativei o blógue.
seguindo essa cronologia inversa de deixar o facebook um pouco de escanteio pra cuidar de um blógue, daqui a uns dois anos é bem capaz eu voltar a reescrever cartas....


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

o mais importante num casamento

a cerimônia religiosa? a lista de presentes? a decoração? a comida? a bebida?

qual o quê?! o mais importante pra mim, fora a noiva,  é a pista de dança!
por isso gastei boa parte da semana passada selecionando as possíveis músicas.
tarefa árdua, tinha de contemplar o gosto pessoal, as preferências da noiva e ainda um setlist que animasse os convidados.
se dependesse de mim só iam tocar os lados B de algumas bandas mais conhecidas e algumas outras tantas bandas obscuras.

mas enfim, após muitas consultas, centenas de downloads e hyoras de edição cheguei a um resultado final.
como não serei eu mesmo o dj, deixei uma certa abertura ao dj da casa.
mas só uma certa.

não separei as músicas pelo estilo (até porque teria dificuldade com essa coisa de classificar certas músicas em um ou outro estilo) e sim por momentos da festa, ao dj só caberá organizar a ordem a ser tocada (e, talvez, ir gerenciando a passagem de uma música a outra):

1 - chegada dos convidados - um momento mais calmo, em que nem estarei presente para ouvir o que escolhi, mesmo assim há aqui músicas que gostaria que os convidados ouvissem, algumas delas são relacionados ao casal ou mesmo falam de casamento, é o momento perfeito pra tocar algumas coisas não óbvias como 'far out' do blur (música non sense e curta, quase uma vinheta, mas que não me canso de ouvir), 'autófago' do makely ka  (quem procurar pela letra verá que ela é  perfeita pra ser ouvida por quem chega num evento) ou 'my love is you' do david byrne (ok, essa é bem  óbvia!) e pra uma música triste e bonitinha, que adquire uma pitada de ironia graças a situação: 'meu querido santo antônio', do carlos careqa;

2 - cocktail - essas eu já conseguirei ouvir. quer dizer, eu acho, já que serão tocadas naquele momento de confraternização após a cerimônia, o mais provável é que esteja me acabando de emoção e com a ânsia de falar com todos os presentes ao mesmo tempo. não teremos jantar, mas é nesse momento em que os convidados mais vão petiscar e conversar entre si, talvez eles ouçam coisas com 'inocência' do mundo livre s/a (embora duvide que prestem atenção a letra quilométrica, ainda que ela seja uma ode ao casamento), ou 'you're so great' do blur (minha canção preferida do  blur album, mais ainda, minha canção preferida do grupo) ou ainda a belíssima 'falling slowly' do glenn hansard (trilha de um filme que não assisti - 'apenas uma vez' - mas uma trilha que adoro). aposto que vou entreouvir trechos de algumas músicas, parar tudo o que estou fazendo e falar a quem estiver do meu lado como eu "adoro essa música!";

3 -  pista de dança - aqui a coisa  se complica eu separei esse momento em 3 partes: começo meio e fim da festa. como não dava pra ser totalmente autoritário e precisava dar opções ao dj,  inventei 3 setlists possíveis para cada um desses momentos. cada setlist dura cerca de uma hora e meia, acho que é o suficiente pra se acabar de dançar e nem creio que serão utilizadas todas as músicas de um setlist que seja, mas acho que era importante dar essas opções pro dj selecionar como melhor lhe aprouver.

3.a - começo da festa - quando ainda estão presente aas maiorias dos convidados, daqs mais amplas idades, por isso essa parte teem uam seleção mais voltada á músicas cubanas e latinas (buena vista social club, xavier cugat, pérez prado); alguns clássico de salão (tom jones, harry connick jr, brian setzer orchestra); iê-iê-i^~e e correlatos (rei roberto, simonal, del rey); samba e samba rock (tereza cristina, os diagonais, dona ivonne lara) e até mesmo um lounge mais contemporâneo (poaris combo, bajofondo, gotam project). acho que consigo  agradar gregos e trooianos nessa parte mais diverisficada da festa;

3. b - meio da pista - nesse momento é que começoa  fazer a transição pra algo um pouco mais pesado, ainda seleciono bastante samba rock e variações (los sebosos postizos, mundo livre s/a, pedro luís e a parede) e já vou incluindo mais od meu repertório, mas que ainda dialoga com algo mais conhecido (móveis coloniais de acaju, zeca baleiro, bnegão) mas já vou colocando mais rock e algo e amplio repertório internaiconal (the monkees, smash mouth, queen, violent femmes, B52's);

3.c - fim de festa - aqui é só pra quem ainda aguenta, e eu pretendo ainda estar no pique, por isso que chico science, eels, white stripes e todas as minhas músicas dançantes preferidas vão por aqui, pra contemplar um poouco mais, coloquei alguns clássicos da transição dos anos  80 pros anos 90 ('under pressure', do queen e davida bowie, 'stay' do oingo boingo, 'come out and play' do offspring, 'dancing with myself' do  stooges) e algumas coisas bem pesoais mesmo como maxixe machine, graham coxon e arnaldo antunes;


no  total forma 375 músicas as escolhidas. deixei muita coisa de fora e na hora nem tudo o que escolhi vai tocar.
mas é bom mo dj se restringir á minha lista, com todo o trabalho que tive definitivamente espero não ter de ouvir nenhum acorde de funk carioca, cláudia e ivete, sertanejo ou qualquer coisa que remotamente não goste.

ei, é a minha festa. minha e de minha noiva, não existirá nenhuma outra oportunidade em que poderei reinar tão regiamente na pista de dança.

e, ainda que me pretenda um monarca esclarecido, ainda assim serei absolutista!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

me guardando pra antes do carnaval chegar

já não assino mais cheques, já não tenho o problema de perder folhas por erra o ano a cada janeiro.

mass esse janeiro promete ganhar em estranheza.
senão, de que outra maneira explicar  a hesitação no consultório médico, quando a atendente pergunta:
"estado civil"?

eu respondo, não mais de bate pronto:
"solteiro"

porque nesse segundo já pude pensar em como isso já nem é verdade, como já nem sou solteiro mais, como já vivo com a pessoal com a qual pretendo viver sempre e que já poderia responder 'casado' sem que isso fosse meia verdade, nem juridicamente seria considerado omissão de verdade, porque já dividimos uma vida juntos e temos planos de dividir outras vidas.

mas é que me caso daqui a 15 dias e quero só poder dizer isso depois do casamento.
mas fica a sensação de complementar pra atender:
"moça, é solteiro mas só pelos próximos 15 dias"

obviamente me calo, procurando evitar ser constrangido pelo provável olhar de incompreensão da atendente;

mas me guardo pra quando o dia 22 de janeiro chegar, só então esse formigamento poderá ser extravasado.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

à guisa de epílogo (sim, eu me estendo demais)

4.     cemitério da recoleta.

certa vez tive uma idéia para uma história: num futuro não muito distante não haveria mais lugares disponíveis para se morar, um grupo de pessoas contraria o tabu comum e resolvem morar no cemitério. e vão chegando cada vez mais até lotar o cemitério. aos poucos, se reproduzem os mesmos esquemas de quem vive do lado de fora: os primeiros moradores tem os maiores mausoléus, mais espaço e mais prestígio. não era uma idéia tão original assim, mas não chega a ser uma idéia ruim. nunca a levei adiante, não sei sobre o que seria o conto/romance, nem que rumo tomaria a trama.
mas o que queria dizer aqui é que tive essa idéia passeando pelo cemitério municipal de curitiba.
mas devo admitir, o cemitério da recoleta é o local ideal pra ambientar a trama.
nunca tinha visto – até então – um cemitério em que tudo é mausoléu, não há um túmulo simples, todos eles são de alguma família. parece mesmo como andar numa cidade. uma cidade antiga e com palnejamento tortuoso, com com casbres grudados um nos outros (a maior parte do tempo), com locais de maior ostentação e bem cuidados logo ao lado de jazigos decadentes e esquecidos, caindo pelos beirais. um lugar que pode ser lúgubre mas que tem suas construções grandiosas. de tal forma que pode até evocar o riso. em geral, a arquitetura mortuária é brega. afinal, trata de afirmar o infinito num espaço que é a constatação do fim. há aí um descompasso inevitável. como quando fazem estátua dos mortos. o objetivo aqui é honrar e lembrar quem se foi, mas o resultado é uma forma zumbizóide, a exemplo da filha que morreu aos 21 anos, digna e cuja estátua esta lá, cabelos escorridos caindo pelos ombros, um braço a frente e o cachorro ao lado, digno de figurar em qualquer terror moderno.

sábado, 20 de novembro de 2010

finalizando os bons ares

3.     balanço geral. dois dias depois da viagem, casa, são paulo.

é sair completamente de seu referencial. e isso que só fui aqui do lado.
 primeira vez do lado de fora do país. argentina, buenos aires, 5 dias. e mesmo apelando pro portuñol me embananei completamente. não entendia nada quando eles falavam rápido. só concordava com a cabeça, vergonhoso de pedir para falarem más despacito. errava as palavras mais simples e conhecidas, ao ponto de dizer com ‘rrua’ com um erre bem puxado (êê embromação!), ao invés da manjadíssima calle. quase me calei por isso. quase. superado o desconforto inicial, até que me virei. meio taciturno e mais sucinto do que de costumes, mas me virei.
era estranho se sentir verdadeiramente estrangeiro nesse local em que os mais simples códigos mudam completamente. por exemplo, quase não se usam os orelhões nas ruas (até porque,por experiência própria, eles roubam tuas fichas e não completam as chamadas), ao invés, há locutorios por toda a parte, é entrar, pedir linha e pagar pelo tempo utilizado (o visor no telefone mostra o valor a pagar). é esquisito perder as mais elementares referências. e olhe que a tal globalização, esse trânsito cada vez mais constantes de marcas hegmônicas e homogêneas, tratou de colocar marcos em todo o lugar. sempre se pode topar com um macdonalds e uma coca cola em uma esquina.
isso não é de todo ruim, dá até um certo conforto ver algo familiar na paisagem, mas também não é bom e imprescindível. sobra a sensação de que o mundo, à medida que aumenta a velocidade, via ficando mais parecido, inidentificável.

buenos aires, vista por esse ãngulo, é uma cidade bem cuidada e igual a tantas outras e com recuerdos de umas tantas também: paris, madri e nova york, como o porteño não vai esquecer de te lembrar.
mas isso seria simplificar demais a cidade, além de ser uma atitude reprovável. é na história e nas pessoas que se revelam as idiossincracias.
um povo que adora cultivar o mau humor (até o humor deles é mau humorado), que grita um com o outro no trânsito e que transforma faixas em meros obejtos decorativos. mas também um povo orgulhoso e brigador, capaz de se reerguer e de se questionar e de questionar sempre, cutucar a ferida mesmo.
mas acima de tudo um povo com o drama na ponta da língua (como, ao que me consta, os latinos em geral). mesmo a previsão do tempo sofre de exageros “ay que rico!” “que tempo hoRRoroso” e por aí vai. imagine como eles tratam a classificação da arrentina.
um povo que quer escancarar a si mesmo seus defeitos, mas que é todo arredio se tiver de falar em público sobre esses defeitos. que dirá ouvir esses defeitos de um gringo!
um povo trágico. vivemos, logo, estamos todos imersos numa tragédia- de um modo ou de outro. por iss, não há como não se identificar com o porteño.

pelo que soube, dentro dos grandes descampados que compõem o país, a coisa muda de figura, e com variações sutis e determinantes (tantas quantas possui a grama ou a neve). desconheço qualquer informação para ousar qualquer análise. mas ouso uma digressão: o tango pode até dar lugar a outra música. o drama, esse não desaparece jamais!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ainda buenos aires, quase um causo.


2.     a primeira das primeiras impressões. buenos aires, quarto de hotel, poucas horas depois da chegada.

já no táxi vislumbro discussões ao redor de mim. um taxista discute com ‘la policia’, outro quase sai do carro pra brigar com o motorista de ônibus. o que não falta aqui é mau humor. um povo enjoado esse, que gosta de implicar e fazer bico uns com os outros. mas parecem se entender. distantes somos nós, únicos a não sermos hermanos. é bem mais difícil entender e se fazer entender nesse espanhol macarrônico. me hace un poco de verguenza esse mi portuñol. mas é assim que tem que ser. 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

abrindo o baú

o bom de ficar um tempão sem blógue é que, em qualquer crise de palavras, dá pra aproveitar posts antigos, ainda que não sejam geniais.

e ainda pago uma promessa pessoal de publicar algo que estava mofando de guardado: um relato sobre minha viagem a buenos aires ano passado (e ainda por cima em três partes, pra quem aguentar acompanhar):



buenos aires – breves anotações de um pretenso diário de bordo.

1.     pré viagem a buenos aires, noite anterior à partida, arrumando a bagagem.

_devemos levar uma 3ª mala? –pergunto a ela.
_acho melhor, a minha já tá cheia e a sua também.
_é que me parece tão excessivo. 3 malas pra só 5 dias fora.
_mas amor, tu mesmo disse, nós vamos do aeroporto pro hotel e de lá de volta pro aeroporto. não custa nada levar bagagem a mais. além disso, temos que ter espaço nas malas pros presentes. buenos aires serve pra isso mesmo: andar e fazer compras.
_eu sei, eu sei. mas continua me incomodando tantas bagagem.
_ besteira, resquícios do tempo em que você acampava. agora você tem 30 anos. tu ainda pode passear a pé por toda a cidade, de mochila e allstar. e pegar um táxi no final do dia, tomar um banho quente num chuveiro decente e dormir numa cama espaçosa. se dá pra ter o melhor dos dois mundos, por que não tê-lo? agora vai lá na despensa e pega a mala vermelha.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quase 1 segundo (um pretexto para a filosofia de botequim)











Sou epiléptico.
Não é neurocisticercose o que tenho. Não é o 1º estágio larval da tênia que se calcificou e atrapalhou todo o caminho dos neurônios.

Não me o Osama nem uma segunda personalidade camuflada que ataca feito guerrilha quando estou de guarda baixa.
Não. É mais profundo que isso. É epilepsia mesmo. É meu cérebro revoltado comigo, causando pane geral quando judio do corpo, quando me estresso muito, duro pouco,.. bebo além da conta ou junto tudo num pacote bomba.

É nessas horas que meu cérebro explode. Um lado se desentende do outro. Caio, babo, convulsiono e apago qualquer memória do incidente. E depois, além da amnésia do evento, ainda fico um tempo grogue e cheio de dor (espasmos musculares podem ser mais fortes que horas de atividade física com pancadas) sobretudo n nuca e nos ombros, que costumam travar nos ataques.

Por sorte a chance de acontecer é remota, e nunca se manifestou sob efeito de medicação. Minha média tem sido 2 ataques nos últimos 8 anos.

Mas, mesmo tomando remédio e em condições normais, meu cérebro tem pequenos picos epiletiformes. Dura menos de ¼ de segundo. Não causa perda de memória nem ausência congnitiva nem nada. Mas está ali, por todo o cérebro, a indicar como meus nervos fogem de tudo quando não agüenta a realidade - e, ainda mais quando eles não agüentam mais lidar comigo mesmo.
É assim minha epg, epilepsia primária generalizada.

Com o tempo e tratamento esses picos tendem a sumir. É o que diz o médico.

Eu não tenho tanta certeza. Creio que meu cérebro sempre vai ser assim: primário e generalizado.
É vã pretensão achar que consigo ir além desse conceito
Mas não pensem que é simples ser primário e generalizado. Ou, por outra, é simp´les, mas não é fácil (já que não é fácil ser simples).

Vou seguir tentando apreender o básico do mundo e, ambiciosamente, tentando abarcar o todo de cada situação.
Vou seguir tentando ser primário e generalizado.

À guisa de prefácio

Voltei.
Voltei porque cansei de não ter mais um espaço para o proselitismo e a vaidade.
E basta. Dizer mais seria proselitismo.
E vaidade.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pós-jogo

Não sei se é só comigo, se é uma característica cultural ou se é da natureza do envolvimento, mas sempre me sinto meio de ressaca após uma eleição.
É quase como torcer pra um time mesmo. Se ele ganha, fico eufórico, e um tanto atarantado, com a sensação de dever cumprido. Mesmo que tenha feito pouco mais do que votar, tal qual o fiel que grita no estádio e se sente tão vitorioso quanto os jogadores.

Em contrapartida, também em sinto igualmente responsável na derrota. Mezzo decepcionado, mezzo furioso. Passada a raiva momentânea, ainda assim fica uma certa indignação pois, por mais duvidosa que seja a minha natureza, por mais incerta que seja a minha escolha, ela ainda é uma escolha, e guarda algo de convicto nela. Fico decepcionado com o mundo por não partilhar da minha visão e furioso comigo por não ter conseguido explicar ao mundo meu ponto de vista.
È um tanto messiânico, eu sei, mas esse algo de torcida que as campanhas geram tem a capacidade de gerar megalomania mesmo. Não é minha intenção aqui exaltar como virtude essa faceta da eleição, mas é algo que acontece comigo e, pelo que observei, com outros também, independente de qual seja o lado que eles apóiam.
Ao mesmo tempo que esse comportamento pode gerar raiva desmedida no lugar de justa indignação (aliás, a indignação pode ser injusta mas, mesmo nesse caso, ainda guarda algo de digno) ele também é responsável por uma euforia aliviadora. Ganhar é uma catarse, não porque o outro perdeu - também por isso, não sejamos hipócritas, e, como vale a metáfora das torcidas, às vezes mais ainda por isso. Mas ganhar é se sentir que o mundo caminha nos trilhos, ao menos em alguns momentos, que nem tudo vai degringolar.
A derrota também pode ser um ensinamento, pode servir de autocrítica (era mesmo a minha opção a melhor) como de combustível (não me fiz claro o suficiente).
O que não perdôo são os que votam pra perder. Não estou falando dos que votam claramente num candidato sem chances, mas com quem compactuam ideais. Esses tem mais que respeito. Pragmatismo político tem limites e cada um que descubra os seus. Estou falando dos que votam no sem chance só pra se eximirem de responsabilidades, só para terem o prazer de dizer depois “não elegi ninguém dessa corja que aí está”; os que ficam na situação fácil de poder criticar a todos sem remorso.Eles ignoram – ou não querem admitir – que eles elegeram sim quem quer que esteja no poder, seja a situação, seja a oposição, afinal simplesmente desistiram de se responsabilizar pelos rumos da sociedade e limitam-se a sonha com o dom Sebastião da vez. A eles, meu repúdio. Não que eles se importem, afinal são especialistas em ar blasé e jamais admitiriam os motivos reais de seus votos (mas até aí, quantos de nós estamos mesmo seguros que nosso motivos são mais verdadeiros?).

Toda essa divagação foi pra dizer que o domingo à noite foi quase como derrota na final. Em vários âmbitos e sempre por um gol no final. Sarney continua no Maranhão; Richa assume mesmo no Paraná; Alckmin sua – mas leva – em São Paulo e na Presidência não foi ainda dessa vez.

Felizmente essa não é final de Copa, tá mais pra decisão da Libertadores. Dava pra ter ganho no primeiro jogo, ao invés, rolou um empate chocho. Mas a vantagem é nossa, só não dá pra bobear no próximo. É treinar pra noite do dia 31 não ter nenhuma sombra de depressão pós-Fantástico.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

mudança de comportamento

caros 6 leitores,

sei que tenho sido relapso. quase não atualizo esse espaço, tampouco tenho acompanhado meus conhecidos amigos blogueiros relacionados ali do lado direito.

mas tudo isso vai mudar.

agora, além de internet em casa, estou mudando de locatário. vou sair desse bairro multifacetado que é o blogspot e vou prum condomínio fechado, um local onde estou cheio de conhecidos (nenhum amigo, é verdade, mas todos muito acolhedores, como vocês poderão perceber).

a partir de agora vocês me encontram no http://chuva.tipos.com.br
espero que o novo endereço não culmine com o fim de suas visitas. passem lá na minha nova casa, é pertinho, e tá sempre aberta prum cateretê.

ah, outro detalhe, nesse novo ambiente sou conhecido por groucho. mas vocês podem continuar me chamando pelo meu nome de batismo mesmo, convivo tão bem comigo mesmo que posso perfeitamente resolver esse caso de dupla identidade.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

cacos do interior do maranhão

um post fragmentado, pra consagrar uma série de viagens fracionadas:

crianças brincando de pique-cola na praça de nova olinda do maranhão:
_ tá com o miguelzinho.
_ como é que faz pra descolá?
_ tem que passar por baixo das pernas – diz um dos meninos.
_ ah, não! assim não vale, é muito imoral!! – ralha a mais nova, em seu vestido de chita.

***

era uma macaco-prego, quitéria, mais conhecida como kika. o caminhoneiro a deixou ainda novinha, recém-apartada da falecida mãe, para a dona do restaurante cuidar. ele nunca mais deu as caras. melhor pra kika, que se afeiçoara à nova dona, se agarrava à ela e gritava toda vez que esta saía.
passava o dia na janela, presa numa corda e mexendo com todos que passavam. uns clientes metiam balas nos bolsos e foi assim que a macaca aprendeu a remexer em bolsos. kika tinha fascinação por óculos e chaveiros. mas tudo que quebrava tinha dois destinos: mordia ou batia no batente até quebrar.
carente que só ela, começava ser agarrando no braço de quem quer que lhe desse atenção. depois, sentia-se à vontade para mexer nos bolsos e cabelos do incauto. morria de medo da bocarra dos cachorros, subia o mais alto que a corda lhe permitia e ficava vigiando, até eles se afastarem.

--
chico era o bêbado ilustre da região. bem verdade que costumava passar meses sem beber, mas quando o fazia não havia quem no povoado não soubesse. ele anunciava alto pelas estradas de poeira sua enrolada língua, que só seu cachorro, fiel acompanhante, parecia entender.
e foi num desses dias em que a sobriedade há muito lhe abandonara que ele viu kika.
o temor de kika ao cachorro branco de chico não foi maior que sua carência. grudou as mãos finas no braço do bêbado. este, por sua vez, agarrou kika pelo tronco, imobilizando-lhe os braços. sem perceber que a machucava, começou a falar com a macaca, que, incapaz de se livrar, gritava com voz sumida.
foi quando a dona chegou com a vassoura: ‘larga de mão, seu traste!’. com a b bordoada chico tomou seu rumo pela estrada, mais cambaleando que correndo. mas logo se recompô e, virnado-se para seu cão, falou todo gaiteiro:
_ e tu achava que eu não valia nada!

***
_ por que o nome do povoado é chega-tudo?
_ é que aqui o acesso é tão difícil que chega tudo.
_ não entendi.
_ chega tudo qu de ruim que quer fugir da cidade.

***
_ a cartilha é o livro mais difícil que tem, porque o nego entra nela sem saber nada do que ta lá dentro. (seu zé lima, assentado).

***
“eu é que não vôo de avião. primeiro porque a gravidade fica chamando o que tá no alto pra baixo. depois porque o avião é feito de ferro, e o ferro é tirado da terra. assim, o desejo do ferro é voltar pra terra e fica puxando o avião pra baixo”. (seu antônio, assentado em pedreira II)

***
poesia de estrada

não corra
não mate
não morra

(placa de rodovia federal)

***
“mulher feia e jumento, só quem gosta é o dono” (um transeunte, gritando ao amigo na praça de santa luzia do paruá)

***
sinceramente, vocês não acham bem mais difícil falar ‘droba’ ao invés de ‘dobra? eu acho. só que, mesmo sendo mais complicado, é assim que 98% dos centos dos assentados falam.

***
dirigir com sono é namorar com a morte (propaganda de colchão nas rodovias do maranhão)

***
‘favor não andar de toalha no corredor’ (placa no hall de entrada do hotel em que me hospedo em santa luzia do paruá).


***
e pra finalizar uma inusitada surpresa.
estava eu num daqueles botecos bem pé sujo do interior, daqueles sem muitas opções, quando vejo um cartaz com bohemia a 1,99!!! aais barato que kaiser!
ao que parece, aqui no nordeste eles nem conhecem muito essa cerveja. como não se preocupam em pedir ela acaba sobrando, e aí, o preço despenca.
pelo menos em lgum aspecto vocês vão ter que ter inveja de mim. hehehe

em estado terminal

assunto já meio velhoe batido, mas não posso deixar de dar um pitaco e relatar minha saudosa experiência aeroportuária-natalina.
(pausa pra tomar fôlego depois de tantos polissílabos juntos)

agora sim, segue o texto:

o inferno eu não sei, mas os aeroportos no final de ano com certeza são estágios do purgatório. depois de hoje – 22 de dezembro – tenho crédito com deus pra mais uns 150 anos de pecados. já perdi, ganhei, perdi de novo e ganhei mais uma vez meu bom humor. acho que agora entrei num estado de calma paranóica, mais ou menos como se tivesse tomado valium.

tenho motivos para tanto:
- passei a madrugada de quarta para quinta numa fila de check-in em são luís (2 horas e meia pra fazer um check-in e receber dos funcionários a clásica desculpa de ‘problemas nos computadores’);
- de são luís fui à brasília e lá passeei pelo centro, arrastando os pés por conta da noite praticamente em claro;
- às 4 da manhã entrei num check-in para um vôo das 6 (não havia funcionários nos guichês, eles só retornaram ao serviço às 4:40 e eu despachei minha bagagem às 5:55);
- trocaram meu vôo original por outro que iria direto a curitiba, mas esse só sairia às 10 manhã (vão fazendo as contas...). menos mal, assim me livrei de uma conexão em congonhas - no mínimo seriam mais 3 horas de atraso. é claro que eu novo vôo também atrasou;
- às 6 e meia vi o sol nascer no aeroporto;
- gastei uma fortuna em capuccinos de aeroporto;
- perdi a conta de quantas vezes agradeci aos céus por ter um mp3 player;
- fui entrevistado por um jornalista do correio brasiliense que, como todo jornalista, deve ter distorcido o que falei. mas eu o perdôo, deve ser um saco ter de cobrir todo dia a mesma puta, digo, pauta. pobre jornalista;
- ególatra que sou, ser entrevistado me deixou de bom humor. sobretudo quando descobri que minha foto ia ser publicada (minha foto dormindo no chão do aeroporto com o chapéu na cara, bem siesta mexicana mesmo);
- depois disso até consegui encontrar atendentes atenciosos, mas, ressalte-se, eles eram da INFRAERO, os funcionário da TAM não tem como não viverem em estresse permanente dada a constante balbúrdia que ronda seus vôos;
- pra quase finalizar, acabei saindo de brasília às 2 da tarde e perdi doze horas dormindo em curitiba logo que cheguei. leia-se: perdi uma sexta feira de provável festança em curitiba por conta de toda a maratona aeroportuária.


depois de tudo isso, é bom deus tratar de me compensar em 2007. ou, ao menos, riscar do caderninho certas atitudes minhas de 2006.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

nada natalino

modo geral, não me apraz essa época de natal. há vários motivos envolvidos, vamos ver se consigo elencá-los todos:


olha, em curitiba já era um absurdo ver aqueles tiozinhos torrando no sol com roupa de papai noel e suor nas axilas. mas não era só isso, tínhamos que suportar decorações totalmente destoantes do clima; neve artificial de isopor e algodão; propagandas da coca com ursos polares; adolescentes ganhando um troco vestidos de gnomos em shoppings; castanhas, passas e outras comidas que nada tem a ver conosco etc. etc. etc.

e o pessoal faz isso, sem saber o ridículo que está passando para as gerações futuras - lembro até hoje quando, na oitava série, gargalhei sarcasticamente vendo um refinado carioca vestido com os pesados casacões que eram a última moda na europa. detalhe, ele passeava no calçadão de copacabana!!! (agora, imagine um senhor vestido de papai noel em pleno equador ludovicense! sem falar que deve ser uma dificuldade achar um papai noel de pela clara e bochechas rosadas aqui em são luís)

e as luzes de natal, nada supera as luzes de natal! aquela profusão de piscas pra lá e pra cá, dos mais variado matizes.

peraí, tem algo que supera sim, são as músicas de natal! tem algo mais irritante do que aqueles corais de criancinhas cantando jinglebelss e afins? tem, aqueles brinquedos eletrônicos que reproduzem tosca e desafinadamente essas mesmas músicas.

mas há mais. natal é tempo de presentes. não se iludam, fui uma criança normal como tantas. adorava ganhar presentes, na verdade, até meus 13, 14 anos, esse era o verdadeiro sentido do natal. melhor dizendo, até hoje esse é o grande barato do natal, adoro ganhar presentes, mesmo que sejam bobeirinhas. lembrancinhas de 1,99, desde que minimamente úteis, me agradam sobremaneira.
mas fugi do calçadão no centro essa semana. aquilo não é o inferno, mas se tu tiver que passar por um lugar desses carregando sacolas trambolhosas, com certeza belzebu diminui tua condenação. ah não, dei uma olhada naquele mar de gente (mar de ressaca, ressalte-se) e nem titubeeei: compras, só em janeiro (e na segunda semana, após todos trocarem aquela blusa ridícula que ganharam da tia)

tem mais, todo mundo já recebeu cartão de natal. alguns são mui agradáveis, escritos á mão e de velhos amigos. outros são de hipócritas tão desprezíveis que nem se forem manuscritos se salvam, mas geralmente esses contém alguma frase contra bem lugar comum, quando não um pedaço da bíblia (os evangelhos adoram esses e citam certas passagens como se fossem solução de quaisquer dúvidas).
mas claro que as mensagens de fim de ano ficam piores nesses tempos de orkutes e emails. quem já não recebeu um scrap com um pinheirinho todo formado de asteriscos? ou um daqueles texto requentados falsamente atribuído a luís fernando veríssimo ou ou jorge luis borges?

nesse quesito ao menos, acho que passei bem. pelo visto meus filtros funcionaram - e ter ralhado com amigos malas que acham que enviar um email com mensagem pronta é sinal de se importar com o outro também contribuiu. mas a grande verdade mesmo é que bloqueei mentalmente esse tipo de mensagem. assim que vejo um email com um título suspeito trato de deletá-lo sem mais delongas, antes que minha mente registre que o recebi. em suma, não são esse 'amigos virtuais' (o duplo sentido aqui é deveras apropriado) que amadureceram e pararam de mandar mensagens ridículas, é meu cérebro que automaticamente ignora esse tipo de gente.

por conta disso espero, sinceramente, que esse singelo texto não se inclua nessa espécie de texto. é apenas uma reflexão mal-humorada feita na época adequada. caso contrário, por que cargas d'água tu me leu até aqui?


***

por fim e, possivelmente, o mais irritante: esse pretenso clima de paz e harmonia. todo mundo fala em paz e tolerância, mas ninguém deixa de ser preconceituoso e raivoso só porque um homem morreu há mais de 2000 anos. a terra continua girando do mesmo jeito, e as palavras de hoje não viram reflexões de amanhã! tornam-se isso sim, a hipocrisia de ontem! (essa expressão bem que podia entrar num rap do bnegão, mas chega de divagações, é hora de encerrar a verborragia)

aaaah, o natal, tempo de se estressar com o alheio....


no fim, o melhor mesmo é passar o natal com a família, esses que não escolhemos aturar!

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

de novo na praça?

sim meus 06 leitores (estou deliberadamente roubando essa expressão do dom dêja, do subservente) , sei que sumi por muito tempo e que esse blógue aparenta descaso e abandono. que as ervas daninhas já ameaçam tomar o roseiral eas baratas do banheiro já são tantas que formaram uma entidade de classe.....

a verdade é que tenho meus motivos. a preguiça é só o mais evidente deles (como os mais sagazes já devem ter percebido), mas sem dúvida foi o orgulho o maior responsável pelo silêncio nesse blógue.

vejam bem, eu andei viajando pelo interior do maranhão, depois voltei e já entrei na correria de me preparar pras festividades de fim de ano em curitiba, já passei pela via crucis aeroportuária (e devo retomá-la dia 06) e já revi o clima cinzento do qual havia me esquecido)....

durante todo esse tempo eu tive muito material passível de postagem, mas resolvi segurá-lo pois havia um post que me incomodava. era o post sobre o catolicismo que se encontra logo abaixo. esse post me deu tantos problemas, o blogspot rejeitou-o tantas vezes, que cheguei até em pensar que deus tava interferindo e me impedindo de postar. uma hora era a foto da snata que não carregava, outra era o texto que se perdia em estranhahs formatações e até tive que enfrentar um travamento total do computador da minha irmã.

gostaria de dizer que agora voltaremos a nossas transmissões normais, mas isso não é verdade. se bem que em janeiro devo conseguir postar com maior regularidade, afinal, ganhei um notebook de presente de minha mãe e o espírito natalino me ensina que nessa época é perdoável tripudiar em cima dos outros.

a seguir, um post que já tinha virado email: o espírito de natal!!!

católico agnóstico romano


taí a imagem da santa luzia do paruá, objeto de um post antigo.
conseguem notar os pontos azuis braço direito? são os olhos numa bandeja. agora, me digam se isso não tem um quê de psicose?

aliás o catolicismo de um modo geral é muito parecido com outras religiões consideradas 'bárbaras'. basta dar uma olhadinha na bíblia que tu constata pedidos de proteção, afirmações de fidelidade e brados pedindo punição aos outros!! nesse ponto a bíblia não difere em nada dos casos constantes de incesto e bestialismo da mitologia grega, africana ou hindu.

ressalte-se que o catolicismo carrega uma culpa que os outros não tem. ele usualmente padece de dois males: ou culpa as imperfeições dos outros, ou culpa a sua imperfeição. não há alegria na bíblia, no máximo um gozo momentâneo, um momento de felicidade extrema que é o prenúncio do paraíso. nesse quesito eu prefiro a teologia africana, em que as agruras e benesses ocorrem aqui na terra mesmo, na vida cotidiana.

não é intenção desse blógue ficar discutindo teologia. eu sei que o catolicismo sofreu mudanças e que há inúmeras facetas em suas aplicações, muitas delas – como a teologia da libertação – até bem aplicáveis. só o que quero registrar aqui é uma impressão pessoal das vezes em que li a bíblia, e foi esta: a bíblia me causa mal-estar, e não é o mal-estar advindo de uma descoberta desagradável e necessária. é aquele mal-estar de ler palavras de ódio em todo canto, exortações de que deus dê punições aos outros e perdoe ao crente. sei lá, no fundo todas as religiões surgiram localmente e eram uma forma de criar identidade entre um grupo. e um bom instrumento de união era usar o outro como referencial negativo (eles são maus, eles são egoístas e mesquinhos e cruéis, nós somos justos). não é um mal exclusivo do catolicismo (não estou diferenciando catolicismo de cristianismo nesse texto, então nem venham criticar essa confusão de termos, uso-os como sinônimos e pronto).


mas, por mais que eu saiba que um texto deve ser lido levando em conta a época em que foi escrito, não dá pra entender o que há de tão magnânimo na bíblia. tudo o que eu quero é ter o direito de questionar esse livro, achar que ele tem bons e maus momentos da mesma forma que o último filme do almodóvar. claro, a liberdade existe, mas não dá pra dizer que posso sair por ai falando que A BÍBLIA NÃO É UM LIVRO SAGRADO (aliás, nenhum livro é), e tenho o direito de achar isso tanto quanto tenho o direito de me enojar com algumas passagens dos salmos:

'se tu senhor, observares as iniqüidades, senhor, quem subsistirá? mas contigo está o perdão, para que sejas temido' (salmo 130) – o perdão como forma de aterrorizar os outros, que prato cheio pra psicanalistas!!

'bem aventurado aquele que teme ao senhor e anda nos seus caminhos' (salmo 129) – eu sei que a bíblia era uma espécie de código da época, mas precisavam ser tão agressivos. e o que ocorre com quem se desviar?

'eles me cercaram com palavras odiosas, e pelejaram contra mim sem causa (...) quando for julgado, saia condenado; e a sua oração se lhe torne em pecado. sejam poucos os seus dias e outro tome seu ofício. sejam órfãos seus filhos, e viúva sua mulher. sejam vagabundos e pedintes seus filhos, e busquem pão fora de seus lugares desolados. não haja ninguém que se compadeça dele (...) esteja na memória do senhor a iniqüidade de seus pais, e não se apague o pecado de sua mãe...". (salmo 108) – agora entendi o amor cristão pregado pela tfp

não tou aqui culpando a bíblia pelos males do mundo, nem acho que ela seja tão diferente de outras religiões, bem como de certos nacionalismos. acho até que há uma parcela bestial ainda presente em nós, o problema é que não a extravasamos. resultado, sublimamos a bestialidade e a deixamos implícita em certas atitudes com aparência de normalidade.

o ponto nevrálgico de meu argumento é que esses salmos colhidos a esmo podem muito bem explicar a existência de defensores de pena de morte; criminilizadores de toxicômanos; perseguidores implacáveis de obscenidade; células terroristas; inexistência de diálogos entre etnias etc.


e chega porque já falei rasamente de assuntos polêmicos demais. se esse blógue fosse mais visitado eu sofreria uma enxurrada de comentários raivosos.

nessas horas, é ótimo ser anônimo

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

fragmentos


às vezes quero ouvir música até meus ouvidos doerem, até que não haja maissons externos exceto aqueles que determino.fuga? não, apenas o desejo de moldar a realidade a meus desvarios.

***
não me incomodo em parecer epiléptico ao andar cantando na rua.viver é mesmo um grande espasmo entre dois supostos repousos.

***
minha poesia pode ter ficado mais prosaica e pragmática. mas ainda existe. eresiste em papéis rasgados, versos de extratos bancários e cantos de agenda. ésó uma questão de resgatá-las de sua semi-marginalidade.

***
eu admito, esse post só existe como pretexto pra eu colocar a foto acima. não sou um mero vaidoso não, sou é um exibicionista-introvertido-declarado!!!!

até mais

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

em brasília 19 horas...


...sem dormir!!!

tá bom, admito, a piada foi horrível. mesmo porque ficar 19 horas sem dormir não é nada pra quem já ficou 39 direto, participando de reuniões tensas e assembléias gerais. ah, os bons tempos de movimento estudantil...

por mais que provoque calafrios em minha mãe, foi essa época que revivi durante o "Seminário Nacional dos Novos Servidores do INCRA", semana passada na cidade-piloto. (notaram como tenho citado minha mãe neste espaço? freud ficaria radiante).
mas enfim, a 'semana de ambientação' - a despeito de inúmeras e válidas críticas - foi produtiva em vários aspectos. vou tentar elencar todos.

pelo lado das palestras pude ver que estamos bem servidos. não tenho muita consciência ainda da linha política de nosso presidente – rolf hackbart – mas pude ver que ele é bem articulado, tanto em contatos quanto em discurso. sabe falar e sabe ser contundente, o que me faz crer que não chegou lá sem méritos. além disso, não só ele é gaúcho como está cercado de gaúchos no gabinete (ô raça teimosa!), muitos dos quais conheci apenas à noite em mesas de botecos genuinamente copos-sujos.
mas por melhor que tenha sido a fala do presidente nada superou a palestra dos movimentos sociais. só os cabeças se apresentaram. destaque para dom tomás badoíno, da cpt, e joão pedro stédile, que dispensa apresentações.
já tinah ouvido o stédile falar antes, já havia lido entrevistas dele também. por isso não me surpreende a propriedade do discurso.
só que eu nunca havia visto ele palestrar pra um público tão heterogêneo, a maior parte das vezes o que havia era predominância da esquerda na platéia. dentre os novos servidores há uma divisão não muito clara entre direita e esquerda (como aliás, na sociedade como um todo). e foi muito bom ver o stédile responder sem nenhum pudor a um pelego que perguntou como este justificava a invasão pelo mst de sedes do incra, sendo que os pobres servidores encontram-se fortemente armados com mouses e grampeadores (houve na pergunta até essa vergonhosa tentativa de ironia). stédile não deixou por menos mas finalizou lembrando que foi uma ocupação que o mst fez à sede do incra, em 92 se não me engano - que garantiu a existência do instituto até hoje. ou seja, o pelego só trabalha hoje porque o mst é de luta!!!!
a nota negativapoderia ficar por conta da palestra do presidente da assinagro (associação dos engenheiros agrônomos da entidade), um pelego que durante a greve desse ano só fragmentou o movimento e que só fez ler um discurso vazio de boas-vindas (o cerimonial teria feito coisa mais digna). mas mesmo essa parte foi salva pelas intervenções dos engenheiros agrônomos, que fizeram picadinho do presidente na hora das perguntas.
quem ganha o troféu de inutilidade é um tal de waldez ludwig. na verdade esse cara foi uma tremenda bola fora da organização. foi uma daquelas palestras motivacionais, em que o figura ficava falando que 'o poder é dos jovens' , que 'o mundo está mudando' e outros conceitos rasos em que falas premissas eram disfarçadas com piadinhas. totalmente dispensável, e fiz questão de demonstrar isso saindo no meio do painel.

na parte de contatos também foi bem interessante. conversar com o pessoal de roraima é o melhor modo de ver que são luís não é tão ruim assim..em boa vista por exemplo não há mais transporte público depois das 20 horas. em compensação, brasília se ofereceu de forma tão amigável que até cogitei uma mudança para lá. além dos já citados botecos (tive 3 dias indo a bares diversos ouvindo de rock a samba tocado em mesa) não faltaram atrações.
mais uma nota relevante: consegui afinal ver nação zumbi no fim da semana!! sendo que a grande supresa ficou por conta de 'casa de farinha' , banda formada por 4 mulheres na voz - e que vozes - e percussão e 2 garotos dando o peso nos tambores. um som simples e direto, um batuque envolvente que me empolgou a dançar até músculos que desconhecia começarem a doer, até ciranda com desconhecidos eu dancei no pátio da unb. como se não bastasse, semana que vem, pelo que pude notar tocam na cidade bnegão, los hermanos, móveis coloniais de acaju além de inúmeras bandas da cena local. brasília ta bem servida de shows. eita inveja!!!!]

devo dizer que por conta do ritmo frenético quase não conheci o hotel, e isso não é exagero retórico. só dormi nele na primeira noite. nos outros dias saía direto do seminário pro boteco, de lá ia dormir na casa de um velho companheiro de movimento estudantil (agora também servidor do incra), e no dia seguinte lá estava eu, firme e forte no seminário de novo (não tão forte, dei umas cabeceadas é verdade, mas me agüentei bem 90% do tempo). e sem nheum remorso, já que em todas as noites a assessoria do gabinete do presidente saía pra beber conosco. no resumo da ópera, só voltei ao hotel mesmo foi pra retirar minha mala, a qual se revelou inútil (até houve um dia em que comprei uma camiseta de baixa qualidade do che guevara, só pra fingir que trocara de roupa).


enfim, brasília em lembrou que ainda posso cometer extravagâncias sem perder a compostura, que não sou tão velho quanto insisto em dizer e que não perdi a velha forma de aproveitar a vida quando ela se apresenta sorridente para mim.

sábado, 11 de novembro de 2006

pra onde vão as nuvens?

aqui em são luís, pra qualquer lugar...menos pra baixo.

vá lá, bem que me avisaram que é estação das secas. mas faz 3 meses que não vejo chuva!!!
o mais esquisiot é que estou morando numa ilha e todo dia há nuvens no céu. não é como se não houvesse umidade. há sim, e a umidade relativa é relativamente boa (infame).
eu até vejo nuvens todo dia no céu, algumas vezes até bem pesadas, daquelas prestes a desabar.

claro, são nuvens esparsas, nada como aquele céu plenamente nublado de gotham city.

mesmo assim, eu me incomodo. se essas nuvens surgiram alguma hora elas teriam de descer. e aqui é tudo plano, não há nenhuma serra do mar pra elas caírem escondidas.

um dia ainda descubro onde descansam as nuvens.

*******

ps: se bem que é verdade que na época das chuvas não há descanso. elas trabalham todo dia, batem ponto até. não há tarde sem nuvens suicidas a partir de fevereiro.

minha história de futebol

meu amigos, relembro aqui uma história já contada ao vivo para algumas pessoas.

agora, os parcos leitores podem lê-la, se paciência tiverem.

na minha infância, nunca fui interessado em futebol. afora aquelas partidas da seleção brasileira e dos jogos da copa, nunca tive nenhum interesse. isso não tinha nada a ver com meu sempre péssimo desempenho em gramados e canchas. nucna foi do meu interesse e pronto, nem como observador, quando ia a jogos ficava com sono na arquibancada. exceção feita a algumas raras partidas de salão em que o time de campo mourão realmente tinha chances (já vi até jogo em que o goleiro foi expulso e só sobraram 3 jogadores, e mesmo assim vencemos...)

mas divago. o fato é que, por influência de um padrinho, comecei a torcer pelo palmeiras. mais porque ele era torcedor do que por interesse mesmo. e no interior do paraná praticamente todo mundo torce pra um dos quatro grandes de são paulo (do mesmo modo que no nordeste há grande quantidade de pessoas que torcem pra times cariocas). a meu favor tenho o fato de que comecei a torcer pelo palmeiras na época do jejum dos 17 anos sem título.

de toda sorte, nunca fui de acompanhar meu time, mesmo na época áurea dos títulos. quando fui morar em curitiba adquiri uma simpatia pelo coritiba, até pelo fato de ambos usarem as mesmas cores. mas sempre acreditei que as pessoas só podem ter um time mesmo do coração, sme essa de ser torcedor de um time em são paulo, outro no rio, outro em minas etc... e meu amigo sandro ripoll só reforçou essa teoria.

e assim fui seguindo, desinteressado de futebol por anos e anos. meus conhecimentos só serviam para que não me desintegrasse do 'grupo dos meninos', os quais invariavelmente conversavam sobre isso.

tudo mudou cerca de 2 anos atrás. e o culpado disso foi o coritiba. na época eu trabalhava nas livrarias curitiba. era domingo e era jogo final do estadual. tudo que o coxa devia fazer era empatar com o atlético paranaense e comemorar o título.
meu gerente era fanático pelo coxa e ficava toda hora olhando o resultado parcial na internet.
perdemos, e foi nesse momento que me descobri coxa branca. isso porque fiquei muito mais triste com essa derrota do que qualquer outra que o palmeiras sofrera, por mais humilhante que fosse. não havia jeito, eu era coxa branca mesmo e a consciência disso já surgia junto com uma raiva contra meu time. como eles ousaram me deixar triste logo de cara.
e eu ousei mais, ousei continuar torcendo por ele.

e assim foi no ano seguinte, durante o campeonato brasileiro, comigo acompanhando febrilmente as partidas, indo sempre que podia. e vendo afinal a equipe cair pra segunda divisão

e persisti torçofrendo.

e vi o time sair na semifinal do campeonato estadual seguinte para o time de...campo mourão! era mesmo muita ironia. e esse time de campo mourão nem teve a decência de tirar o título das mãos do paraná clube!!

e veio a segunda divisão e eu me mudei pro maranhão. notícias esparsas. nenhuma possibilidade de assisitir a um jogo televisionado, nem de ir a estádios, haja vista que os times do maranhão estão na terceirona, quando muito.

e é assim que fui acompanhando meu time, vendo ele começar o campeonato capengando, se acertar lá pela metade e se sagrar campeão do primeiro turno da segunda divião

a essa altura eu já bradava no trabalho: "classificação pra primeirona o escambau, não me contento com nada menos que o título".

e o futebol, que começou a me apaixonar a ponto de eu ler tudo que me chegava às mão, não deixa mais uma vez de me surpreender. meu time entrou no segundo turno na liderança e agora nem deve mais subir.

lá vou eu pra mais um ano contgra gama, santa cruz e portuguesa (não, acho que essa nem na segunda vai conseguir estar).

desde que eu comecei a torcer pro coritiba, ele perdeu 2 campeonatos estaduais, teve uma eleição pra presidência pra lá de questionável, caiu pra segunda divisão, me deu esperanças de uma subida gloriosa e agora se perde pro atlético mineiro e quase não tem mais chances de subir.

pelo jeito sou pé-frio. esse time decepciona mesmo, quando parece embalar, lá vai ele perder 4, 5 partidas seguidas (foi assim quando caímos pra série B) e as perspectivas de melhora inexistem.

então porque continuo torcendo por ele?

sábado, 4 de novembro de 2006

atendendo a pedidos.

conforme sugerido pelo césar - do 16 tonelada – cá estou falando mais um
pouco de minhas viagens pelo interior.
seu Talo-Seco, 76 anos, também conhecido por Manoel Goela (ou ainda, segundo
ele mesmo, por outros 86 apelidos) , pai de seu Café, me saiu com essa a
respeito do filho:
“Eu fui obrigado a criar o homem, já que a mãe largou ele se arrastando por
aí”.
havia tal simplicidade a inexistência de amargura na fala que não tive coragem
de perguntar se seu Café era adotado. seria macular o momento com
impertinências.
e criou muito bem. Café dá gosto! já ampliou a casa de tijolos à vista;
transformou a antiga casa de madeira em galpão; é presidente da associação de
moradores e segue firme e forte cuidando da família e sem reclamar do
trabalho.
pode-se dizer que seu Café é hoje o Prático, o mais diligente dos 3 porquinhos,
já passou pela taipa de barro, assim que pôde construiu uma casa de madeira e
agora já faz a reforma da casa levantada com o crédito do INCRA.
seu Café do dente de ouro. deu um balão no construtor que queria lhe passar a
perna. o empreiteiro chegou com a boca toda doce oferecendo agrados. Café não
se rogou, amansou o malandro, cozinhou-o em banho-maria, ouviu em silêncio o
que ele queria falar, não fez nem que sim nem que não...e fechou negócio com
outro!
a diligência de seu Café é daquelas raras, de fazer ter esperança na
humanidade ou, ao menos, na possibilidade de certas reformas darem certo nesse
brasil afora, eles só precisam encontrar os alvos certos. seu Café é um deles.
*****
analisando o post acima eu percebo como faz sentido minha teoria: não consigo
ser cínico, sou um esperançoso incorrigível, jogo em cada fragmento de
expectativa a salvação do mundo e de minha alma.]

****

uma nota rápida: não houve o show do nação. a desculpa que deram foi a greve dos controladores aéreos. então tá!! parece que esse produtor já furou outras vezes, o cara é mestre emdivulgar shows que não ocorrem. agora tenho que reembolsar minha grana, mas pra isso vou ter de ir até a casa do figura. pelo que ouvi falar prevejo dores de cabeça pelo mês vindouro e uma visita ao juizado especial.... (no final de tudo não fui o primeiro fã do nação, fui é o primeiro dos patos!!!)

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

formalismo genérico

há uma contradição na questão do gênero aqui no maranhão. de início percebe-se facilmente a influência das mulheres no campo. quer pela presença maciça nas reuniões dos assentamentos, quer pelo fato de praticamentetodas as associações do interior utilizam a nomenclatura sindicato dos trabalhadores e trabalhadorAs rurais. as mulheres também, aparentemente, são mais preocupadas com a educação. hámais analfabetos entre os homens. e já vi mulheres treinando pra fazer bonito na hora de assinar o contrato de crédito.

contudo, se na forma elas já conquistaram seu espaço o mesmo não se pode dizer do conteúdo. o próprio fato de mulheres serem mais voltadas à educação já revela um machismo inerente, como se ir à escola fosse ‘coisa de mulher que vai virar professora’ enquanto os homens do campo deveriam dar mais atenção à roça.
as próprias mulheres continuam aferradas a costumes que traduzem sua desigualdade. de todas as vezes em que almocei na casa de assentados, em nenhum momento a mulher sentou à mesa conosco. sempre que perguntava, me diziam que já haviam almoçado, junto com os filhos. o mais provável é que seja verdade,raramente almoçamos cedo no trabalho de campo, por conta das inúmeras pendências a serem resolvidas. mesmo assim, os homens da casa sentam conosco. a única mulher a nos acompanhar é a servidora do INCRA (mas essa deve ser colocada em outro patamar pelos campesinos, afinal, é uma‘dôtora’). ademais, dfinda a refeição são as mulheres quem retiram a mesa,nunca vi um dos homens ajudar nesse serviço ‘de casa’.

e, ao que tudo indica, isso ainda vai se perpetuar por muito tempo. a maioria das mulheres parecem crer que a elas cabe o serviço da casa, mesmo quando são elas quem provêm o sustento da família com a produção. é o caso das quebradeiras de babaçú, que são as responsáveis por todas as etapas de extração e manuseio da semente. os homens limitam-se, quando o fazem, a replantar mudas de babaçú.

a médio prazo não vejo uma mudança significativa nos costumes do campo. todos os repetem e não vi ninguém que os questionasse. e isso vale até para os servidores - e servidoras - do incra.

enfim, não quero entrar em digressões a respeito de um tema que não domino. mas me parece peculiar essa ‘conquista’ das mulheres. elas certamente têm o reconhecimento semântico de que trabalham no campo. por outro lado ganharam deveres e e nenhum direito a mais em suas casas.

no âmbito do politicamente correto estamos perfeitos aqui no maranhão, mas o tratamento dado às mulheres pelos homens ainda é desigual. seria preferível utilizar o gênero masculino na nomenclatura das associações e equiparar as funções de ambos.

mas esse é o mundo em que gostaria de viver, o mundo em que vivo é muito mais cheio de absurdos e estupidez.

fã nº1???


definitivamente não. eu gosto do nação zumbi e esse é, sem sombra de dúvida o show que mais aguardo desde que aportei nessas terras. mas daí a ser o maior fã deles há um abismo de diferença. existem pelo menos meia dúzia de bandas brasileiras que têm minha preferência, os conterrâneos domundo livre s/a estão entre eles.

não obstante, num lugar em que funcionária da loja que me vendeu o ingressopensa que nação toca reggae e que a assistente do oftalmologista sequer ouviu falar da banda (mas ela me confidenciou que vai no show do aviões do forrósexta que vem), até que é bem provável que eu seja o mais próximo de um fãn°01 no maranhão.

a verdade é que já passei da idade de ser fã alucinado de quem quer que seja – houve uma época em que pensava que, se gostasse de uma banda, tinha aobrigação de gostar de todas músicas da banda. enfim, besteira de adolescente.

agora, é inegável, como o canto direito da foto demonstra, que sou o ingresson°01. e isso me é mais do que suficiente.

******
um recado pra desdêmona: há diferença entre ler meu blógue e comentá-lo. e eu tenho uma consideração maior pelos segundos. se vocês aparecem aqui façoquestão de saber. é como meu aniversário, não sou o maior entusiasta ao comemorá-lo, mas adoro receber os presentes!!! (sim, eu sou um chato, mas vocês não sabiam, disso até agora?!)

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

utilidade pública

informo uma coisa ridícula que me aconteceu no trampo e que ainda via render comentárioas irados num futuro próximo:

aqui no incra acabaram de bloquear tudo de internet!!! nõ só os costumeiros orkuts, youtubes e messengers (com esse bloqueio até concordo). mas quase todo site que não tenha presente um '.org' ou '.gov' está bloqueado.

em resumo, não apenas não posso mais acessar esse blógue do trabalho (ainda que a maior parte do tempo eu apenas o fizesse fora do horário de expediente), como até mesmo meu email não está acessível.

ou seja, não estranhem minhas aparições bissextas nas próximas semanas (embora secretamente eu desconfie que essa política do setor de informática não vá perdurar...)

só no maranhão?

não sei, mas saint-louis definitivamente é um lugar peculiar.
aqui o profissionalismo ainda engatinha e é vista como uma coisa esquisita, as pessoas não parecem saber para que ele serve.

longe de mim defender o discurso do empreendedorismo, muito pelo contrário. me incomoda aquela preocupação excessiva com a carreira que são paulo pujantemente exala!!! em são paulo, aliás, tudo são negócios, toda vez que passo no aeroporto pauista vejo dezenas de engravatados em seus laptops na sala de espera de vôos, ainda se estivessem brincando na internet vá lá, mas eles aproveitam pra digitar relatórios e adiantar o serviço (apenas para poder produzir mais, de modo sísifico), e os balcões e mesas de restaurante viram ambientes de reuniões até o momento do embarque.
no caso de são paulo aquela propaganda da empresa aérea TAF (acho que esse é o nome) em que um bando de gente se avoluma num banheiro de avião pra fazer uam reunião - com direito a serviço de bordo - passa da categoria de liceñça poética para quase absurda realidade.

só o que peço é um pouco de compromisso e seriedade. só quero que cumpram com a palavra empenhada, só isso - nem que seja pra deixar claro que eles não querem prestar serviços. já fiquei de molho um dia inteiro em casa esperando o chaveiro aparecer (e só fui liberado porque fui atrás de outro chaveiro e o trouxe de coleira até o apartamento) e fiquei um fim de semana inteiro com água precária enquanto o encanador não dava as caras (novamente, ele só surgiu quando fui á unha até a casa dele, a 200 metros do meu prédio!).
cada um desses casos renderia um post próprio, mas a gota d'água que que motivou meu comentário foi uma história menos raivosa e mais divertida:

para meu deleita, a rádio universitária anunciaum show do Nação Zumbi (finalmente um show de uma banda de fora que faço questão de ir ver) dia 03 de novembro próximo. a locutora usa aquela entonação típica de gente 'descolada' e, por conseguinte, enervante. nem por isso me deixo abalar e vou até a loja do shopping responsável pela venda antecipada (e com desconto) dos ingressos da festa 'manguetown'.

chegando lá eu percebo logo que saint-louis não é a 'town' do mangue (ainda que eles existam em quantidade respeitável por aqui) pois os ingressos não só nao estão à venda como os vendedores desconhecem o fato de que eles deveriam estar vendendo ingressos. isso mesmo, ninguém os avisou que eles venderiam, nem um gerente pra informar. seria pedir demais que alguém os avisasse que os ingressos estariam à venda a partir de determinado dia, de modo que nem me dignei a fazer esa pergunta.

mas eu continuo conversando numa boa com os vendedores que, afinal, não tem culpa de nada. explico que a rádio já está anunciando a pelo menos dois dias o tal do show do 'nação'. eles me ouvem estupefactos.
então eu ouço a pérola que me faz concordar com meu amigo itamar - em conversa providencial horas antes o baiano me afirma que os ludovicenses estão conhecendo aora o que nós já vivemos 10 anos atrás. em unão disse nada na hora mas secretamente pensei: "besteira, até parece que em tempos de informação desenfreada eles já não iam saber da boa música do nação". e a famigerada vendedora derruba meus argumentos com a seguinte frase:

_ Nação Zumbi?! O que eles tocam, reggae?

eu segurei minha veia sarcástica, me esforcei para não parecer esnobe, disse apenas um 'não, eles ticavam com chico science' e fui embora antes que ela me decepcionasse mais perguntando quem era esse chico....



******
ps: pô, minha mãe nem saber quem é nação zumbi vá lá, mas uma vendedora de shopping do centro da capital é demais pra minha parca tolerância

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

não, não é o apocalipse....


....essa notícia é só a confirmação de minha teoria:

"CHIPS DO FUTURO
O refrigerador Frost Free Side by Side da LG possui a maior tela de cristal líquido nesse segmento
Por Felipe Marra Mendonça


É isso mesmo, uma geladeira com uma tevê de 15 polegadas embutida. Com conexões para DVD, cabo e rádio AM/FM, ela possibilita assistir a um vídeo de culinária na cozinha durante o preparo da refeição, por exemplo."



AS ORGANIZAÇÕES TABAJARA DOMINARAM O MERCADO!!!!

esse produto, junto com o bis laranja e a skol lemmon, não deixam mais dúvidas: eles estão em todos os setores e não vão parar antes de avacalhar com qualquer produto que você imaginar.

o que mais falta inventar, o aspirador de pó com mp3 player? (se já não o inventaram)

deixo-os por aqui, já que a estupidez humana, mais uma vez, me deixou estupefato.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

interior adentro

teclando direto de santa luzia do paruá, terra de quase exclusão digital!!!
foi uma dificuldade achar uma lan house por aqui. mas enfim, das outras vezes que passei por aqui eu nem estava procurando mesmo.
falar bem a verdade, eu também não estava à procura dessa vez. o caso é que fiquei com um baita tempo livre nessa minha viagem pelo incra interior adentro. já estava cansado de ficar na frente do hotel olhando o tempo passar, o que é comum de se fazer por essas bandas. quem veio me passar a informação da existência de uma lan house na cidade foi um mineiro que conheci também no hotel.

de modo que cá estou. e aproveito o ensejo pra falar da cidade.

santa luzia do paruá é uma típica cidade que floresceu à beira do caminho. a rua principal, não por coincidência, é a BR e, quer à direita quer à esquerda, a zona urbana não se estende por muito mais do que umas quatro ou cinco quadras. depois temos a imensa regiao rural. e olha que santa luzia é uma das maiores cidades da região (com seus cerca 20.000 habitantes).

santa luzia já no nome mescla duas características bem presentes no interior do maranhão. por um lado temos a influência católica ainda bem forte (assim também temos santa inês, santa luzia do tide etc). bem verdade que muito espaço foi perdido para os neo-evangelistas (tanto que fui num assentamento em que a vila nem tinha iniciado construção, mesmo assim a 'assembléia de deus' onde realizamos a reunião já estava pronta - só assim para eu falar do púlpito). por outro lado temos o lado indígena que, mesmo quando renegado, se manifesta nos traços e personalidade da população (vide o próprio nome do vale, paruá, assim como as cidades de cujupe, maracassumê, turi-açú...).

agora, o que é gritante aqui na cidade é a estátua da santa. fica bem no meio da praça, de frente pra BR, e é impossível não vê-la ao passar pela cidade (é mais fácil tu não ver a cidade), tem mais ou menos o tamanho do king-kong, uns 4 andares e é notável a uns 5 km de distância.
sei lá o que fez essa santa, nem porque escolheram a ela como padroeira. mas ela fica bem em frente ao hotel em que estou hospeddo e não tenho como não prestar atenção no rosto da santa. ela tem aquele olhar sonso que o senso comum usa confundir com inocência (pra mim não passa de um olhar besta mesmo, um olhar passivo daqueles de quem deixa a vida seguir sem se incomodar em atuar no mundo). numa das mão segura um indefectível ramo de oliveira (mais um sinal de pureza, argh!). mas o toque macabro fica numa bandeja na outra mão. veja bem, por aguma rzão que desconheço (e essa ignorância vai perdurar pois não me digno nem a procurar no google) essa sana é a protetora dos olhos e, dizem, curandeira de cehos e outras deficiências visuais. por isso, alguém inventou de esculpir dois olhos numa bandeja, seguras pela santa. e, como se não bastasse, pintaram os olhos com íris azuis.

sinceramente, na minha opinião, a santa é uma psicopata que adora servir os olhos de suas vítimas aos fiéis, devidamente temperado com azeite de oliva (é isso que o ramo deve significar).
só me surpreende que mais ninguém tenha pensado isso ao ver a santa, a conclusão é por demais evidente!!! tivesse eu uma câmera digital mostraria umas fotos e desafiaria qualquer um dos leitores a pensar diferente (mas nao vale mentir, eu saberia se vocês estivessem mentindo!!!).

murilo, teorias esdrúxulas trazidas com exclusividade de qualquer canto do país!

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

acontecimento

pessoal,
eu sei que o "assistente pra gravação do windows media player" (que nome mais 'produtos tabajara' não?) é uma coisa absurdamente idiota de simples.

mas o fato é que em termos de internet eu sou o homer simpson.

então, é com orgulho que anuncio que hoje gravei meu primeiro cd num computador.

e isso se torna um evento ainda mais importante na medida em que tenho uma teoria sobre 'a capacidade de cada geração lidar com tecnologia'
(tenho milhares de teorias, aliás, tenho teorias pra quase tudo que cerca minha vida)

enfim, de acordo com a minha teoria, cada geração desenvolve uma capacidade maior para lidar com a tecnologia do que a geração anterior. é assim que explico, por exemplo, como moleques de 13 anos dão um banho em mim nesse quesito (mas tudo bem, eles ainda vão passar pela adolscência e milhares de desilusões amorosas, pobres tolos, bwahahahahhaha - risada maléfica patenteada). de todo modo, cada geração tem um limite, à medida em que chegam novas tecnologias mais defasadas as gerações mais antigas vão ficando. o limite pessoal é influenciado pela genética. como minha mãe pertence à geração pré-vídeo-cassete, não sabendo nem ao menos mexer nesse aparelho e tampouco tendo bagagem semiótica para encarar uma página internáutica, vocês podem inferir a dimensão de meus limites!

posso dizer que sou da geração pós-computador e primoórdios-da-internet (anterior à pré-orkut), de modo que gravar cd's para mim era coisa de laboratório e de gravadora, com inúmeros aparelhos cheios de botões e outros itens meio espaciais. é uma surpresa pra mim meter um disco numa torre de computador e, 10 minutos depois, colocá-lo no cd player. sabia que era possível, já vi amigos japoneses fazerem, mas nunca tinha experimentado. isso porque sou, no máximo, um usufrutuário da tecnologia - sei manusear um cd player, um mp3 playe, ver emails e mexer no dvd - mas nunca me considerei apto para os aspectos mais estruturais da tecnologia. esse lance de instalar programas, transformar arquivos de um modelo em outro ou mesmo mexer em programas geradores de imagens não era comigo.

daí a necessidade desse post.

saibam, ó tolos mortais, que no dia 06 de outubro de 2006 murilo marostega zibetti, sem ajuda ou influências externas, superou sua inaptidão tecnológica e gravou seu primeiro cd!! o vulgo não renunciou, porém, às suas raízes, o que se demonstra pelo conteúdo do disco compacto: 'surfer rosa' do irrefreável pixies!!!

até mais nerdys baões de computador e excluídos tecnológicos!

na praça

voltemos então a falar das coisas daqui.
ontem a cidade foi sacudida por um mega-evento, anunciado pela rede globo local (a tv mirante, anagrama para tv mentira) e patrocinado pela 'responsável socialmente' vale do rio doce (como robert crumb, ainda vou demorar pra confiar em capitalistas gordos e suas grandes empresas), a apresentação da Osquestra Sinfônica Brasileira (OSB pra facilitar) numa das maiores praças da cidade, a Maria Aragão.

a bem da verdade, eu nem tava muito animado a ir ver. mas o acaso e um pouco de conformismo me levaram até a praça. e explico porquê:

- estava eu voltando de ônibus pra casa, começo de tarde, depois da natação e de um dia 'suado' de trabalho (creiam-me as aspas são necessárias). em determinado momento o trânsito parou. mas parou mesmo, naõ se andava nada (pra ser mais exato se andava a uma taxa de 20 metros a cada 5 minutos), culpa da apresentação, que obrigou todos os ônibus a refazerem o rote4iro para que não passassem próximos da orquestra (o que, verdade seja dita, realmente prejudicaria a execução dos clássicos). eu tava cansado, com fome e bravo porque meu mp3 player tinha queimado (e consequentemente não podia ouvir música no trajeto, mas hoje, afinal, já o consertei). ainda estava distante de casa (usn 5 quilômetros, eu creio).
como já tava de saco cheio, decidi que andar seria ao menos terapêutico.

e assim cheguei na tal praça maria aragão (lá tem um palco ao ar livre bem ao estilo nyemeyer, com uma daquelas estruturas em curva). como já estava por lá, e queri descansar da caminhada de cerca de 2 km, resoplvi por lá ficar.
tinha gente a sair pelo ladrão, mais de 10 mil pessoas seguramente. mas, como sozinho é mais fácil de se embrenhar, consegui chegar na grade e ter uma boa visão do espetáculo.

aqui há um ponto que me estressou profundamente. logo em frente ao palco haviam colocado algumas cadeiras pro 'pessoal vip' (odeio esse povo inominado qeu, sabe-se lá porquê, deve ficar melhor instalado que 'a 'geral'). pior ainda, apenas metade das cadeiras estavam ocupadas; e assim permaneceram durante o show inteiro. essas cadeiras elitizadas e cercadas por seguranças e grades são de causar asco. vejam bem, eu não fiquei apertado nem desconfortáve, mas porque diabos algumas pessoas tem direito a ficarem sentadas de frente pro palco enquantro o resto fica de pé ou sentado nas escadarias da igreja? a lógica seria 'chegou primerio, pegou o melhor lugar'. mas esse mundo tá todo errado mesmo e não adianta argumentar.

outra coisa irritante é a sacralização da arte. ou melhor, a fashionização. vejam bem, o espetáculo era numa praça, do lado de um rio que deságua no mar. lugar simples e público, portanto. ainda assim, as pessoas vestiram seu melhor traje e foram pra praça. porra, eu gosto de orquestra e volta e meia entro em êxtase ouvindo aquele tchaickoviski de sonoridade forte ao vivo, mas nem por isso eu precisei me emperequetar pra OUVIR uma peça. a sacralidade de uma obra de arte está no espectador, no que ele sente ao apreciar a obra, e não na vestimenta que o mesmo utiliza pra ir apreciar (isso é puro status). e tem mais, isso revela como a definição 'alta cultura' ainda cabe porque as pessoas aceitam essa mesma definição. e acham pois que só são dignas de estarem presentes num ambiente de 'alta' cultura se se arrumarem, assim não serõa tão desrespeitosos e serão aceitos pela 'elite entendida' (e sei que, com a minha brancura aparentemente européia, muitos já me achavam refinado, mas isso é vestir o estigma que o opressor quer colocar no oprimido). mas vem cá, me diz o que é mais desrespeitoso, eu aparecer de chinelos no teatro ou deixar o celular tocar no cinema? e os malditos celulares infestaram todos os lugares, as pessoas não se importam mais com o ambiente e muitos conversaram durante toda a apresentação.
de fato, creio que a 3 mulheres ao meu lado estavam lá mais mostrando que buscavam conhecer sinfonias e poder mostrar as fotos gravadas no celular pras amigas do que pra apreciar mesmo a orquestra. tanto que prestaram mais atenção ao operador do telão (o qual por sua vez passou a apresentação toda jogando paciência no computador, mas ele tem a desculpa de que não queria estar lá, estava apenas cumprindo sua função).

enfim, isso tudo são rabujices minhas, dado o enorme contingente populacional, até que os barulhos foram poucos, o povo foi bem respeitador e cochichou pouco durante as apresentações. o maestro foi ótimo, me lembrou a maestrina do meu coral - quando a gente ia se apresentar em comunidades - explicando como funcionava uma orquestra e como o público reagia appós aas apresentações em cada lugar. e o público ludovicense reagiu bem, participou batendo palmas ritmadas em certos momentos, a pedidos do maestro (é, se criar em bumbas-meu-boi faz diferença na formação rítmica d eum povo, duvido que os curitibanos tivessem essa desenvoltura).

em suma, toda a fome, cansaço e mal-humor sumiu quando o amestro iniciou a sessão e mais de 10 mil pessoas entoaram o hino nacional de cabo a rabo. nosso hino é piegas pacas, mesmo assim eu adoro ele!!!

e pro hoje chega que já falei demais! depois eu cito algumas curiosidades da apresentação.